JogosFriv é uma esquisita. Não acredite apenas na minha palavra - o próprio homem disse isso com apresentações de desenvolvimento de jogos sobre fazer "jogos Friv estranhos para pessoas estranhas" - e há um certo nível de subversão e terror existencial que permeia tudo o que ele toca. Este é certamente o caso de Voice of Cards: The Isle Dragon Roars, um jogo um tanto surpreendente de se fazer após o grande sucesso que foi Nier: Automata. Mas esta é jogosfriv.com.br, e esta escolha é em si uma subversão. Voice of Cards: The Isle Dragon Roars pega o estilo de assinatura do escritor-diretor e o adapta para um jogo de RPG que retém elementos de RPG clássicos suficientes para mantê-lo acessível.

Taro está listado como diretor criativo nos créditos de Voice of Cards, e embora ele realmente não esteja listado como diretor do jogo - sugerindo que ele pode ter adotado uma abordagem menos prática para sua criação - suas batidas narrativas e estilo visual certamente tem sua influência sobre eles. Você joga como um aspirante a aventureiro acompanhado por um grupo desorganizado de pretensos heróis na esperança de matar um dragão perigoso, derrotar um grupo de nobres que procuram encontrar o dragão primeiro e obter uma recompensa substancial da rainha local. A fonte do texto parece ser a mesma da série Nier, e o colaborador de longa data de Taro, Keiichi Okabe, voltou para compor sua música, que é tão Nier-y que você pensaria que Voice of Cards foi uma nova entrada surpresa na série (é 't, mas fiquei esperando a revelação).

Como você pode deduzir pelo nome do jogo, você estará completando suas tarefas inteiramente por meio de cartas. Cada elemento de Voice of Cards é representado com uma carta separada, desde o terreno até os personagens e até o menu. Ocasionalmente, pode ser um pouco contra-intuitivo se comprometer tão completamente com esse sistema, mas também há um charme único que seria perdido em um RPG mais estruturado tradicionalmente. À medida que você se move pelo mundo, as cartas se invertem, às vezes revelando becos sem saída ou iniciando uma batalha, e seus personagens usam - você adivinhou - uma das poucas cartas em um sistema de batalha que parece ter a mesma influência de Yu. -Gi-Oh e Hearthstone. Certos inimigos têm fraquezas, que você precisa lembrar, e alguns de seus ataques podem atormentá-los com efeitos de status como congelamento, veneno,

As batalhas são raras o suficiente para não desgastarem suas boas-vindas, e uma mecânica de "salto" permite que você se mova rapidamente entre as áreas que você já visitou, o que, por sua vez, reduz os encontros aleatórios que você é forçado a suportar. Na verdade, quase parece que você tem ajuda demais em sua jornada; além de alguns momentos depois no jogo, Voice of Cards é notavelmente fácil, com muito poucos inimigos representando uma ameaça real. O status de "congelamento" pode ser aplicado a quase todos os inimigos no jogo, tornando-os incapazes de atacar por vários turnos ao mesmo tempo e sem limite de quantas vezes ele pode ser reaplicado. Eu acertei um jogo na tela apenas uma vez, e embora um jogo focado na história como esse raramente se beneficie de uma dificuldade alta, ter um pouco mais de desafio não faria mal.

A estrutura baseada em cartas também faz parte do humor de Voice of Cards, do qual há muito . Pode ser o jogo mais engraçado que Taro já teve, apesar dos temas melancólicos. Personagens "curvando-se" virando suas cartas em um ângulo de 45 graus me fizeram rir algumas vezes. Excelente tradução para o diálogo e os nomes dos personagens - um herói buff é literalmente chamado de "swole" - dá uma sensação distinta dos tropos genéricos "heróis lutam com dragão" que está claramente tentando evitar. Até mesmo o mestre do jogo, o literal "voz das cartas", entra na brincadeira, a certa altura pronunciando errado um nome difícil e tendo que tentar novamente.

O combate baseado em turnos e a estética simples tornam o Voice of Cards uma ótima opção para jogos Friv portáteis no Nintendo Switch, especialmente porque usa um sistema de salvamento que faz uso de slots de salvamento manual e automático. O texto é visivelmente mais difícil de ler ao jogar na tela do portátil, no entanto, e sem uma grande diferença visual na versão OLED, acabei me apegando principalmente ao modo dock.

Tendo jogado os dois jogos Friv do Nier - Automata continua sendo meu jogo favorito de todos os tempos - eu esperava alguns jogos sombrios e, bem, inesperadosvoltas para entrar em Voice of Cards. Eles certamente o fizeram, especialmente com pessoas da cidade que pareciam um pouco inofensivas à primeira vista, mas também fiquei surpreso com o quão direto o jogo é. Os jogos Friv de Taro não dependem de momentos deus ex machina e ele usa uma técnica de escrita "para trás" para garantir que qualquer final final seja conquistado através de histórias anteriores, mas poderia ter, e provavelmente deveria ter sido mais estranho. Ainda assim, é um ótimo primeiro jogo de Taro para os novatos, facilitando a mente de um dos criadores mais talentosos e inspirados da indústria. Cada segmento da história parece estar lá por uma razão, com qualquer coisa obscura ou incomum servindo à história em vez de estar lá apenas para chocar você.

Voice of Cards: The Isle Dragon Roars é quase exatamente o que eu esperava de um RPG baseado em cartas liderado por JogosFriv. Isso é principalmente um elogio, pois ainda conseguiu dar algumas voltas estranhas e manteve a estética sombria e melancólica de seus projetos anteriores sem sacrificar o humor. De alguma forma, a estrutura de todas as cartas dos jogos Friv realmente funciona dentro dos limites de um RPG tradicional, e faz isso com tão pouca gordura que nunca excede suas boas-vindas. Ele também sacrifica alguns dos momentos mais impressionantes que eu quero em um jogo de Taro – o que eu mais espero dele é o inesperado, e é por isso que Nier: Automata 2 é uma má ideia. Mas deixar de fazer meus olhos se encherem de lágrimas enquanto contemplava a natureza da minha existência e a necessidade de esperança uma segunda vez não é exatamente acertar em três arremessos.